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José Augusto Capela, mais conhecido como Zezão, seria apenas mais um grafiteiro que anseia em deixar sua marca por todos os cantos, para que todos tomem conhecimento, se não fosse por um pequeno detalhe: Em vez de muros comuns sob a vista de todos, Zezão tornou dos lugares mais degradantes de São Paulo, como os esgotos, sua galeria de arte.
Em uma entrevista exclusiva para o Make It Appear, Zezão conta sua trajetória desde pichador a artista consagrado e sua visão de arte, grafite, conduta moral e social.
Artista de origem humilde, Zezão lidou desde cedo com as dificuldades de perder os pais e morar na periferia. A necessidade de se expressar o levou a pichar, mas não durou muito tempo para que as pichações evoluíssem e ganhassem formas, tornando-se grafites. Apesar das dificuldades em aprender técnicas, Zezão se tornou autodidata ao tentar aprender sozinho efeitos de perspectiva, sombra e proporção e percebeu que o grafite não precisava, necessariamente, seguir um padrão. Decidiu, então, criar algo novo em que pudesse se expressar. Junto ao rigor técnico, Zezão adicionou emoção e intuição aos seus trabalhos. As formas perderam simetria, inventando um estilo próprio, o qual o uso de tons de azul viraram sua marca registrada, denominada Flop.

 

Zezão - O Artista Inusitado

Zezão explica que apesar de o preto ser sua cor preferida, o azul, em contraste com a escuridão dos lugares em que grafitava, funcionou por lhe significar vida e transmitir uma mensagem de paz.
Apesar de se identificar com as ruas de São Paulo, a repressão social da década de 90 fez com que fosse preciso encontrar outros lugares para grafitar. Foi no Moinho Matarazzo, uma fábrica abandonada cheia de muros e ruínas e habitada por excluídos da sociedade que Zezão finalmente se descobriu.
Após certo tempo imerso nessa nova realidade artística, Zezão decidiu ir além: achou, literalmente, um buraco a se enfiar. Uma abertura que dava acesso à galeria de esgoto chamou sua atenção, percebeu que sua arte não se limitaria apenas as ruínas do Moinho e passou a grafitar nas paredes de esgotos. Esta forma única e inusitada de fazer arte virou um de seus projetos mais importantes, o qual lhe renderia mais tarde, reconhecimento internacional.

 

Os grafites simples nas paredes dos esgotos evoluíram para verdadeiras galerias de artes subterrâneas. O grafite passou a se misturar a performances com luzes, experimentos fotográficos e, claro, lixo urbano. Com isso, além da satisfação pessoal, Zezão passou também a fazer trabalhos dedicados à conscientização do meio ambiente e críticas sociais ao governo.
Artista inquieto, sempre em busca de inovação, Zezão está em uma nova fase que foge da sua origem: a pintura em quadros e exposições em galerias de arte representam a consagração do grafiteiro como artista, porém alega ser o grafite ser sua arte principal e impulsionador de todos os seus outros projetos.

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Veja na íntegra a entrevista feita com o Zezão.

Zezão e a equipe do Make It Appear

Obras do artista exposta na SP-ARTE 2012

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